Infelizmências Futebolistico-Gramaticais
"A partir de agora vou começar a falar com os pés", avisou Futre quando chegou ao Benfica. Como sabemos, muitos lhe têm seguido o exemplo. Há os que gostam de paradoxos. Jaime Pacheco, por exemplo: "Vamos jogar ao ataque, fechadinhos cá atrás." ou Petit: "Ambicionar o primeiro lugar não é o mesmo que falar de título." E Jesus, desafiando as leis da geometria diante dos jogadores do Belenenses: "Vocês os três façam um quadrado." E com a língua portuguesa, tal como no futebol há que ser inventivo. Sem esquecer Cajuda, que lamentou a "infelizmência futebolística", a melhor é mesmo a de Litos: "Jogar à defesa pode ser uma faca de dois legumes."
E os poetas, essa alegria da bola. Ainda Cajuda: "Eu sou o C'ajuda, os outros são os que trabalham." Mais sofisticado, Álvaro Magalhães relatou-nos a conversa que tivera com o jogador Denis Putnik: "Tive uma conversa com o jogador e o homem e este ultimo disse-me que podia contar com o primeiro." Mas no domínio da lingua portuguesa todos tentaram e nenhum superou Manuel Machado (que agora tem de vencer o jogo mais importante da sua vida): "Estamos cada vez mais monocórdicos no que concerne ao futebol nas suas nuances classificativas"
Mas poesia não é fantasia. Explicou o Professor Neca: "O empate é melhor do que a derrota. Melhor que o empate só mesmo a vitória." E Humberto Coelho que apanhou o estilo: "O Salgueiros defende quando nãp tem a bola e ataca quando a tem."
In: Jornal Record 04.12.2009Realmente o mundo futebolístico está repleto de grandes inventores de gramaticais bem como pessoas de elevado raciocínio linguístico...
Mas para mim a melhor de todas é mesmo esta proferida por João Manuel Pinto quando jogava no F. C. Porto: "Nós estavamos á beira do precipício. Mas tomamos a decisão certa. Demos um passo em frente."